O casal Gustavo comentou que, no interior, ficar sem filhos após o casamento era motivo de ridicularização.Naquele tempo, os pais de Luís já estavam casados há três anos e ainda não tinham filhos.Os vizinhos que não se davam bem com sua família zombavam deles, dizendo às escondidas que eles deviam ter cometido atos reprováveis em suas vidas passadas, e por isso estavam fadados a não ter descendentes nesta vida.O pai de Luís era de temperamento explosivo e culpava a esposa pela falta de filhos, o que resultava em frequentes episódios de violência doméstica contra a mãe de Luís.Depois, o casal partiu, dizendo-se que foram para a cidade grande em busca de tratamento.Anos mais tarde, retornaram, agora com Luís a acompanhá-los.Nesse período, o casal estava visivelmente orgulhoso, exibindo Luís por todo canto!Não apenas tinham conseguido ter um filho, mas era um menino, e Luís era de uma beleza notável, admirado por todos.Em lugares onde a pobreza era mais acentuada, a preferência por filhos homens era maior, e a chegada de Luís desmentiu muitas das fofocas dos vizinhos.Porém, mais tarde, todos descobriram que Luís era mudo.Assim, aqueles que foram contrariados anteriormente voltaram a zombar do casal, dizendo que de que adianta ter um filho homem e bonito se ele não podia falar? Chamavam-no de defeituoso!Os comentários maldosos se espalharam, sugerindo que o casal havia cometido algum erro grave em vidas passadas, resultando no nascimento de um filho mudo.Indignados, os pais de Luís insistiam para que ele falasse, recorrendo à violência quando ele não o fazia.Normalmente, crianças apanharem não era algo incomum.Mas o que Luís sofria não era simples castigo, era violência doméstica!A esposa de Gustavo, com lágrimas nos olhos, disse,”No interior, a acústica das casas é ruim. Éramos vizinhos deles, separados apenas por uma parede, e podíamos ouvir o som do cinto rasgando a carne tenra.Certa vez, no meio da noite, não aguentando mais, fomos até lá e encontramos Luís com as mãos amarradas por uma corda de cânhamo, pendurado no teto da sala! Seu pai o açoitava com um chicote, cada golpe acompanhado de xingamentos, chamando-o de bastardo, monstro, um inútil que não conseguia falar!Sua mãe, ao invés de protegê-lo, juntava-se ao marido, batendo e xingando com um chinelo velho.Vocês não imaginam como Luís estava naquele momento, um menino tão pequeno, sem roupas, coberto de sangue… até eu, uma estranha, senti uma dor imensa!” Falando isso, a esposa de Gustavo chorava, enquanto Gustavo, com os olhos vermelhos, disse,”Não tínhamos educação, naquelaépoca nossa consciênciaSobre aleiera fraca, e não sabiamos queTraca e nãopoderíamos denunciar a violênciacontra a criança. Só podíamos tentar aconselhar. Mas eles não só ignoravam nossos conselhos como também nos insultavam e amaldiçoavam nossos filhos. Depois, passavam a agredir Luís com ainda mais violência, como se quisessem matá-lo! Com o tempo, paramos de intervir. Sempre que tentávamos, eles se tornavam ainda mais violentos com Luís. O que mais poderíamos fazer?Afinal, Luís era filho deles, e não tínhamos o direito de interferir diretamente, só podíamos secretamente oferecer alguma comida ao menino ou cuidar de suas feridas.Depois, chegou em nossacomunidade uma professora, a Sra.nãoFerreira, Euís ainda não tinha idade para frequentar a escola, masgostava de ficar ouvindo as aulas daProfa. Ferreira pela janela. atualizado primeiro Profa. Ferreira, muito gentil, o convidou para entrar na sala e assistir às aulas junto com as outras crianças mais velhas.Foi Profa. Ferreira quem deu a Luís seu nome.Ela disse que chamar alguém de ‘Mudinho’ era desrespeitoso, e pediu que todos o chamassem de Luís.Vendo que Profa. Ferreira era uma pessoa de bom coração, contamos a ela sobre a situação de Luís.Pensamos que, sendo ela uma pessoa culta, saberia como lidar com a situação melhor do que nós e poderia, de alguma forma, ajudar Luís.Profa. Ferreira chegou a discutir com os pais de Luís e até se ofereceu para adotá-lo.No início, pensamos que os pais de Luís não aceitariam, afinal, ele era seu único filho. Se o dessem para outra pessoa, não ficariam sem descendentes?
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